
Voluntários prestam ajuda
Funciona há oito dias o primeiro refeitório social das Caldas da Rainha e pode receber até 30 pessoas de cada vez, mas também pode ser usado como refeitório take away. Intitulado “GAP – Geração que Ama o Próximo”, o refeitório social é uma iniciativa da Igreja Nova Aliança, que funciona na Rua da Praça de Touros, servindo refeições entre as 12 e as 14 horas, de segunda a sexta e ao fim de semana é fornecido um cabaz.
Esta estrutura foi pensada há cerca de um ano, mas só agora foi implementada num espaço da Igreja Nova Aliança, mas não tem qualquer carácter nesse sentido, até porque os voluntários pertencem a diversas congregações religiosas.
“A Igreja Nova Aliança tem uma IPSS, o Centro Social da Associação Nova Aliança, e Caldas da Rainha é delegação. Isto não é um projecto religioso, apesar de estarmos em instalações de uma igreja evangélica, mas é um projecto social. A nossa equipa, de 28 voluntários, é mista, porque tem pessoas da nossa comunidade evangélica, mas também voluntários de outras convicções”, disse Carmo Oliveira, uma das três mentoras do projecto.
A ideia resulta de uma oferta do Banco Alimentar, comemorando-se um ano em Dezembro, quando a comunidade da Igreja Nova Aliança participou na recolha de alimentos, revelou Emília Isidro.
As voluntárias afirmaram que “as pessoas necessitavam de comer e não tinham onde”, indicando que têm contacto com famílias carenciadas e trabalham com a acção social da Câmara que encaminha as pessoas.
“As pessoas iam ter ao Banco Alimentar para pedir ajuda e não havia nada. O Banco Alimentar não entrega comida a ninguém, distribui pelas associações e instituições”, disse Carmo Oliveira.
Confrontada com o facto da Associação Volta a Casa fazer, noutros moldes, a distribuição de alimentação a pessoas, as voluntárias descrevem que não querem substituí-la, até porque a população alvo e objectivos finais é outra.
“As nossas portas estão abertas e nós estimamos o trabalho que a outra associação está a fazer. De modo algum queremos atropelar o trabalho dela. Tomara até que houvesse mais instituições a fazer este trabalho. Assim poderíamos dividir a cidade em zonas. Este refeitório é mais do que entregar uma sopa. Nós trabalhamos com a rede social das Caldas da Rainha, onde estão as Conferências, a Segurança Social, a Cruz Vermelha e a Câmara, com quem tivemos várias reuniões. Nós aqui, porque temos contactos com empresas que dão formação profissional, queremos saber qual é a necessidade do utente para o poder reencaminhar e inserir na sociedade. Esse é o nosso grande objectivo”, sustentou Carmo Oliveira.
“Nós temos um regulamento dos deveres e direitos do utente para que haja regras e para que as coisas funcionem da melhor forma. Não vamos excluir ninguém que aqui venha”.
Interrogada como vão receber e seleccionar as pessoas, garantiu que não negam sopa a ninguém, mas a partir de um determinado número “é necessário fazer um rastreio”. “Estamos em contacto com as Vicentinas e com a Segurança Social e há cruzamento de dados. Virão aqui pessoas encaminhadas por eles. As pessoas vêm recomendadas, para não estarmos isolados. Se trabalharmos em conjunto iremos mais longe do que estarmos isolados. Não excluímos ninguém, mas vamos tentar que essa pessoa seja integrada. Vamos apostar na formação pessoal e profissional de cada utente. Isso vai melhorar a autoconfiança e autonomia”, disse Cristina Fernandes.
O refeitório social vai entregar sopa, sandes, fruta e iogurte apenas durante o almoço, mas tem ainda a possibilidade dos utentes levarem comida para casa, para estarem em família.
A capacidade é de 30 lugares sentados. Já o projecto de ajuda take-away tem capacidade para o número que seja necessário.
O objectivo futuro do projecto é realizar protocolos com os restaurantes locais no sentido de “doarem as sobras diárias para que possamos dar às pessoas o jantar para levar para casa”.
As primeiras refeições são confecionadas com bens alimentares fornecidos pelo Banco Alimentar e por voluntários da igreja, que contribuem com a doação de alimentos e com o trabalho voluntário.
O projecto está a ser apoiado por cerca de 200 membros da igreja, que já forneceram frigoríficos, louças e alimentos e a direcção pretende agora angariar patrocínios de empresas e firmar parcerias com entidades como a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste.