sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Fado das Caldas também está de parabéns

Caldas da Rainha também está de parabéns com distinção do fado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, porque a cidade também tem um fado com o seu nome, composto pelo lisboeta Raúl Ferrão, compositor de algumas das mais populares e conhecidas canções, fados e marchas de Lisboa.

O fado das Caldas, imortalizado pela voz do fadista Vicente da Câmara (pode ser ouvido em www.youtube.com/watch?v=S9p561K2eGU) que o gravou em 1948, é dedicado aos aficionados dos touros e dos cavalos, mas tem referências a várias figuras e locais da região.

Este foi o primeiro fado que Vicente da Câmara gravou na sua vida e, segundo contou à Gazeta das Caldas, aquando dum espectáculo que realizou em frente à câmara municipal em 2006, é esta sua interpretação que um dos seus filhos tinha como toque de telemóvel.

Amália, um nome incontornável quando se fala de fado, esteve também nas Caldas da Rainha por diversas vezes, actuando nas épocas do Verâo Casino do Parque (posteriormente Casa da Cultura) nos anos 50 e 60.



Nas Caldas também há fados



Caldas da Rainha é também uma terra de fadistas, com várias noites de fado a acontecer ocasionalmente. Nascido em Peniche, mas actualmente a morar nas Caldas, Emanuel Soares é um dos que habitualmente anima algumas dessas noites.

Para o guitarrista José Vargas Inês, que já tocou com vários fadistas (Cidália Moreira, Gonçalo da Câmara Pereira e João Braga, entre outros), este é um momento muito importante e agradece que este reconhecimento tenha acontecido ainda no tempo da sua vida. 

Embora ouça outros géneros musicais, o fado é para si como o sangue que circula nas suas veias. “Eu tenho que ouvir fado todos os dias para poder viver”, disse. Na sua opinião, o fado “é uma mística de três elementos: guitarra, viola e fadista”.

É o fadista quem tem sempre o papel principal “e nós que acompanhamos, somos subalternos”. Na sua opinião, quem canta acaba por se tornar um actor “porque precisa de sentir a letra das músicas para poder fazer sentir a quem está a ouvir”.

Embora tenha nascido em Santarém, há 10 anos José Vargas Inês veio morar para as Caldas para acompanhar a sua filha que aqui estudou. “Ela foi-se embora, mas eu acabei por ficar porque gosto muito das Caldas”, contou.

José Inês já toca guitarra portuguesa há 40 anos e passou por algumas das principais casas de fado em Lisboa. Chegou a substituir José Fontes Rocha numa dessas casas de fado, quando este necessitava de se ausentar para o estrangeiro nos espectáculos de Amália, com quem tocava.

Conheceu Emanuel Soares em 1996, numa noite de fados na Casa do Benfica em Torres Vedras. Foi a noite de estreia de Emanuel Soares a cantar acompanhado de viola e guitarra, mas José Vargas Inês gostou tanto da sua voz que anos mais tarde, quando se reencontraram nas Caldas, acabaram por começar a actuar juntos.

Actualmente Emanuel Soares e José Inês estão um pouco mais retirados das lides fadistas, mas a paixão continua intacta. José Inês dá aulas de guitarra portuguesa. “Eu costumo dizer aos meus alunos que o que custa são os primeiros 20 anos”, adiantou.

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